Quando eu ganhei meu Super Nintendo no meu aniversário de 10 anos de idade, eu não podia estar mais feliz: finalmente eu conseguiria jogar Super Mario World sem precisar ir até a casa dos meus primos (e entrar na fila para jogar). Incontáveis foram as horas que eu passei de frente àquela televisão de tubo de 16 polegadas, jogando Mega Man X, Super Medroid, Donkey Kong Country, Goof Troop e outros clássicos.
Porém, por mais que eu amasse esses jogos, havia um tipo de jogo específico que fazia meus olhos brilharem mais que os outros. Se você veio parar aqui, é claro que você já adivinhou: Roleplaying Games. Desde que eu conheci jogos como Final Fantasy IV e Chrono Trigger, posso dizer que minha vida nunca mais foi a mesma.
Gostar desse tipo de jogo em meados dos anos 90 e 2000 era um bocado estranho. Por um motivo simples que talvez escape aos mais novos. Para além do fator "nerd" (numa época na qual esse termo ainda não significava "uma indústria multibilionária e multimídia global"), para jogar RPG, você precisava saber inglês.Todos os jogos de video-game do gênero estavam em inglês (ou pior: em japonês). E eu passei toda a minha infância simplesmente insistindo em querer jogar aqueles jogos. Eu pegava a história pelo contexto, pelos poucos gestos que os sprites 16bits dos personagens conseguiam emular. Tudo estava contra o pequeno nerd de 10 anos de idade que lutava bravamente contra uma enorme barreira linguística e cultural. Jogar RPG exigia muita paciência (ou, no meu caso: uma paixão avassaladora que colocava todo o resto de lado). RPGs (de video-games, mas principalmente os de mesa) me fizeram aprender inglês "na marra".
Muitos anos se passaram. Muita coisa mudou, o mercado "nerd" cresceu e os jogos vem aos poucos sendo traduzidos. Mas se há uma coisa que nunca muda, é a barreira linguística que separa os ávidos amantes de coisas estranhas e a sua capacidade de aproveitar completamente aquilo de que gostam.
Tomos Revelados: desmistificando o conteúdo sobre RPGs de mesa
O intuito deste blog é traduzir blogposts e demais partes relevantes do universo do RPG para ajudar a incluir o público brasileiro nas discussões que cercam o universo dos jogos de mesa.
Para que nenhuma outra pessoa precise "bater a cabeça" por cerca de 20 anos para poder apreciar melhor aquilo de que gosta.